segunda-feira, 11 de junho de 2007

Intervenções Fora do Eixo


Intervenções Fora do Eixo

Fernando Dias
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Resumo:
Este texto tem como objetivo examinar brevemente, mas com detalhes, a concepção, o contexto e as conseqüências de uma das primeiras Intervenções Urbanas* realizadas no Brasil, partindo do pressuposto que, por ter sido realizada fora dos grandes centros urbanos, sua permanência histórico-bibliográfica ficou comprometida. Realizada em janeiro de 1979 na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, pude descobri-la, como observador privilegiado, graças ao contato que tive com a documentação da obra e com seu autor, o artista plástico Dante Velloni. Das intervenções artísticas urbanas mais conhecidas, e que tem um espaço na história das Intervenções no Brasil, destacam-se aquelas realizadas pelo grupo 3NÓS3 de São Paulo, sendo que sua primeira Intervenção realizou-se em abril de 1979, portanto alguns meses depois desta que agora examino. O mote deste texto não se funda no ineditismo dessa ação artística, mas no lugar que ocupam na história trabalhos de arte relevantes realizados fora do eixo formado pelas capitais.
Palavras-chave: Intervenções Urbanas, Intervenções Gráficas, Arte Pública, Dante Velloni, Arte Anos 70.

Abstract: 
The aim of this text is to briefly examine, but in details, the conception, the context and the consequences of one of the first Urban Interventions to have happened in Brazil, starting from the presupposition that, once it was held out of the large urban centers, its historic-bibliographical permanence has been damaged. It took place in January 1979 in Ribeirão Preto, in the interior of São Paulo state. I could find it out as a privileged observer thanks to the contact I had with the documentations of the artwork as well as with its author, the plastic artist Dante Velloni. From the best-known artistic urban interventions, which have their space in the history of the interventions in Brazil, those held by the group 3NÓS3 from São Paulo stand out. Their first intervention took place in April 1979, therefore some months later that the one I examine now. The motto of this text is not based on the unprecedented nature of that artistic action, but on the place instead, where relevant artworks stand - out of the axis formed by the capitals.
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Key words: Urban Interventions, Graphic Interventions, Public Art, Dante Velloni, Art of the 1970s.
Quando Ricardo Rosas, pesquisador de arte contemporânea, sugeriu-me escrever este relato sobre a “Intervenção Um" (urbana) e a “Intervenção Impressa” (gráfica), realizadas por Dante Velloni em janeiro de 1979, disse-lhe que seria uma tarefa bastante ousada, atrevida e, ao mesmo tempo, prazerosa e instigante, pois, embora essas intervenções urbanas tenham sido plenamente documentadas por um jornal da época, este apontamento seria próprio um resgate arqueológico de um fato artístico brasileiro um tanto inédito para aqueles tempos[1] .
Pelo fato de estas intervenções terem acontecido fora do eixo Rio - São Paulo, Dante pagou um preço histórico elevado por isso. Pesquisadores da arte brasileira recente omitiram essa obra em suas pesquisas, seja essa omissão por ignorar sua existência ou omissão por preconceito colonialista, isto é, fora do eixo é o mesmo que fora da história.
Portanto, depois de quase 30 anos, e sem medo de cometer equivoco histórico, acredito ser este um momento oportuno para se promover o resgate de uma das primeiras intervenções urbanas e gráficas do Brasil[2], as quais tive a oportunidade de pesquisar.
Felizmente um olhar neutro e distinto foi desferido por alguns pesquisadores sobre essa linguagem da arte, a exemplo do que fez Ricardo Rosas através do seu Rizoma, o qual garimpou as mais distantes “conchas” para descobrir as mais belas “pérolas”.

Contexto
Inicialmente gostaria de situar o artista Dante Velloni (seu nome completo é Vagner Dante Velloni) à época dessas suas intervenções.
Recém-formado em artes plásticas e já professor da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Dante Velloni chegava aos 23 anos, em meados de 1978, com algumas importantes participações e prêmios em Salões de Arte tradicionais no Brasil e várias participações em mostras de arte experimental no Brasil e no exterior, além de ter vários projetos de arte interventiva.
Considerado aluno talentoso durante os anos da faculdade, somando sua experiência como monitor por duas edições de Bienais Internacionais, recebeu imediatamente o convite para lecionar no curso de Artes Plásticas da mesma faculdade em que acabava de se formar. Ensinou Pintura, Estética e História da Arte Contemporânea que o fizeram debruçar-se ainda mais sobre o universo da arte que se produzia naquele instante, tanto nos EUA, na Europa ou no Brasil.
Christo e Jeanne Claude estavam em alta.

Nesse período Dante desenvolvia um trabalho de expressão em poéticas visuais e multimídia, estimulado especialmente por Walter Zanini, com quem havia feito curso de História da Arte no MAC-USP, e participado de diversas exposições organizadas pelo próprio Zanini.
Essas participações em mostras multimidiáticas, caracterizada especialmente pela ação imediata e efêmera (Arte Xerox, Arte Processo, Arte Postal...), por terem entre suas peculiaridades a doação e troca de obras entre artistas e instituições de arte, lhe trouxeram um contato simultâneo com a produção da arte contemporânea nacional e internacional promovido por uma espécie de “corrente” entre os mais distantes artistas do mundo, num momento da história da arte, nos anos 70, que prevalecia o conceito da arte sobre a matéria da arte.

Não havia fronteiras geopolíticas preconceituosas para essa arte, tampouco entre os artistas, que acabavam por ter contato pessoal entre si, freqüentando reciprocamente suas casas e ateliês .
Não havia entre os artistas a percepção de subordinação cultural e estética ou de colonizador nem de colonizado. Neste estrito sentido, ser artista de Nova York, Tóquio, Paris ou Milão não era nada diferente de ser artista de São Paulo, Recife, Mogi-Mirim ou Ribeirão Preto.
Saliente-se que nessa época não dispúnhamos de meios de tecnologia digital e a internet era pura ficção. Era o correio tradicional que conectava arte e artistas com o mundo, ainda que um envelope para a Itália, por exemplo, demorasse 8 dias para chegar ao destinatário.
Depois do advento da internet este hiato entre os contatos tornou-se inconcebível! Però...
Era uma arte de resistência ao mercado, anti-mito e anti-aura e se propunha a uma aproximação de equivalência simétrica entre o artista, a obra e o público.
Walter Benjamin estava em pauta.

Seu contato pessoal com Paulo Bruscky, Ynarra, Lídia Okumura, Luiz Guardia, Percival Tirapelli, Unhandeijara Lisboa, Júlio Plaza, Mário Ramiro e Leon Ferrari entre tantos outros artistas brasileiros, ou por sua conexão postal com outros tantos do exterior, como Bill Gaglioni, Pierre Restany, Anna Banana, Klaus Groh, Vittore Baroni, Julien Blaine e Cavellini, lhe trouxeram paradigmas que o possibilitaram provar na “cozinha” uma arte que ainda se experimentava.

Todos esses artistas sabiam que o que faziam era arte. Uma arte que ainda não estava digerida nem mesmo pela crítica “oficial”, a qual torcia o nariz para ela e ainda não lhe dedicava nenhuma linha escrita na imprensa. Aliás, muito coerente e recíproca, pois essa arte também não acreditava na imprescindibilidade do crítico de arte[3]. Um texto do artista ou uma matéria jornalística como documentação já seriam considerados o bastante.

E foi exatamente isso que aconteceu com as intervenções de Dante Velloni em janeiro de 1979.
Toda documentação existente sobre as Intervenções se resume nas fotos feitas pelo próprio artista e pela matéria publicada no extinto Jornal Diário da Manhã de Ribeirão Preto.
Uma arte à margem “degli uffizzi”.


Crédito ao projeto
Para se concretizar um projeto que envolve pessoas e instituições, é necessário que haja entre as partes uma adesão “matrimonial” das idéias, isto é, crédito e cumplicidade além do entusiasmo recíproco necessário à sua realização.
A adesão às propostas de intervenção urbana e gráfica feitas por Dante Velloni aconteceu junto ao escritor Júlio Chiavenatto, então editor do Jornal Diário da Manhã, no ano de 1978, em Ribeirão Preto, sua cidade natal.
A linha editorial do Jornal Diário da Manhã, que encerrou suas atividades no início da década de 80, era de resistência ao Regime Militar e de corajosa postura contra a repressão das liberdades civis. Como em qualquer cidade de perfil conservador dessa época, seus comerciantes evitavam anunciar neste jornal de “esquerda” e isto acabou levando-o a pique.
Foi neste mesmo jornal, nesta mesma época e com o estímulo do editor Júlio Chiavenatto que os irmãos Glauco e Pelicano começaram a publicar seus cartuns e charges, hoje vistos diariamente na Folha de São Paulo.

Quando Dante Velloni recebeu o aval do editor do jornal, iniciou a produção das intervenções, assumindo todos os ônus do projeto, tanto o moral como o financeiro.
Sabendo que a realização daqueles projetos seria de árduo e intenso trabalho, Dante convidou quatro amigos, todos estudantes em férias na casa dos pais em Ribeirão Preto, para colaborarem com seu projeto.
Carlos Barban fazia direito na São Francisco, Tadeu Chiarelli fazia artes plásticas na ECA-USP, Vande Gomide fazia arquitetura na FAU-USP e Vitoriano Fernandes fazia física também na USP.
Bons moços, hoje Carlos é advogado, Tadeu professor da ECA e ex-curador do MAM, Vande é editor e programador visual em Campinas e Vitoriano professor da Física da USP.

Intervenção Um
A Intervenção Um tinha como mote a intolerância estética que causavam as faixas de propaganda colocadas nas transversais das ruas, prática comum em muitas cidades, especialmente naquelas em que as ruas são mais estreitas. A esta contestação se somava o desejo de interferir na cidade com aquilo que acreditava ser ação artística, pois Dante já compreendia a possibilidade de o espaço urbano ser suporte desse gênero de arte.
Apoiado pela consciência da ilegalidade deste tipo de propaganda (já havia lei que proibia seu uso), Dante arriscou retirar um número delas durante a madrugada do dia 03 janeiro de 1979em ações rápidas, mas sem deixar de anotar o local preciso onde cada uma delas estava pendurada. 
Madrugada a fora retirando faixas, munido de uma escada[4] de seis metros de comprimento sobre um fusca alaranjado, o grupo seria uma presa fácil para os camburões militares que perambulavam pelas noites daquela época. Até explicar que gato não era lebre, a borracha poderia rolar solta sobre os “subversivos”.

No dia seguinte, com as faixas retiradas, iniciou-se a pintura/cobertura com tinta látex e rolo, nas cores puras vermelha, amarela, laranja, azul, verde ou violeta. O grupo passou dois dias pintando e repintando as faixas e preparando-se para recolocá-las no mesmo lugar de onde foram retiradas.

Noite seguinte, faixas já coloridas e munidos dos mesmos apetrechos, começam a recolocação nos mesmos locais.
A cidade amanhece silenciosa e interrogativa, mas ninguém intui o que teria acontecido com aquelas faixas, agora coloridas.
Uma professora de história da arte que desenvolvia pesquisa em semiótica no então Departamento de Arquitetura da USP - São Carlos, estimulada pela novidade informativa da intervenção, pôs-se a perguntar pela cidade o que os passantes viam, sentiam e pensavam sobe aquelas faixas coloridas.

A dúvida entrópica sobre o significado daquelas faixas, sem as velhas propagandas e agora somente com as cores, não deram muita chance para arriscarem grandes interpretações: “Seria um novo produto a ser lançado?”. “A cidade ficou mais bonita!”. “Não acho que isso seja arte.”. “Arte feita de pano de faixa?”. “Se fosse arte de verdade estaria no museu”.

Como era um trabalho que se esquivava do interior dos tradicionais museus e galerias, e se apropriava de materiais típicos da alegoria “reciclados” e “perecíveis” (palavras que já haviam entrado em pauta nas linguagens da arte pobre daquela década), ao mesmo tempo em que se esgotava o valor da informação estética, o material se auto destruía pelas intempéries, logo, sua existência se tornava efêmera com seu ciclo físico e estético abreviados.
Uma arte de natureza essencialmente conceitual e efêmera, mas que aos poucos as galerias já começavam acolhê-las em seus espaços[5], considerando que a documentação (foto, vídeo...) da ação artística poderia lhes trazer visibilidade e alguma viabilidade de mercado.


Intervenção Impressa
Na madrugada do dia 06 de janeiro de 1979, dia seguinte à recolocação das faixas nos seus lugares de origem, Dante Velloni e seu grupo puseram-se a colorir com carimbo cada uma das fotos publicadas na primeira página daquele jornal, a qual reproduzia uma daquelas faixas interferidas na paisagem da cidade. Essa foto da capa do jornal tinha 18 cm de altura por 26 cm de largura.


Na medida em que o jornal ia sendo impresso (no sistema rotativo mecânico), a equipe recolhia os pacotes e carimbava jornal por jornal colorindo somente o espaço interno da faixa, transformando esse trabalho num exercício gráfico gutenberguiano.
Os carimbos foram confeccionados de borracha recortada à mão pelo próprio Dante.
Em página interna da mesma edição, foi também publicada uma matéria sobre as intervenções acompanhada de fotos de todo processo, da retirada à recolocação das faixas.
A Interferência Impressa foi tensa e exaustiva, pois carimbar quase 10.000 exemplares do jornal, durante toda a madrugada até a manhã seguinte, causou atraso e protesto na distribuição dos jornais.
Na edição do dia 11 de janeiro, o jornal publica nova matéria sobre as intervenções e comenta o envio de exemplares do jornal para os arquivos de arte de vários paises, a exemplo do Centro di Comunicazione Documentazione Visive di Parma, Centre Culturel Villeparisi e Museo del Sannio, além de artistas de contato postal.


Conclusão
Essa oportunidade de um artista interferir no âmago de um meio de comunicação de massa de uma instituição privada me parece bastante rara na nossa história da arte contemporânea. Acredito que hoje, considerando os compromissos profissionais de um órgão de imprensa, seria bastante difícil um artista conseguir que um editor abrisse o mesmo espaço e com a mesma liberdade de ação que Dante Velloni conseguiu no Diário da Manhã.

Experiência parecida com essa, de um jornal assumir todos os riscos de publicar experiências estéticas de artistas, parece ter acontecido somente na década de 90 com o jornal Folha de São Paulo, quando este convidou artistas para intervirem graficamente num espaço previamente reservado a este fim e com toda a estrutura curatorial já atrelada ao mercado da arte.


Confrontando as características da concepção estética e ideológica entre a experiência de Dante e a dos curadores da Folha, percebe-se que foram muito distintas, pois enquanto a primeira apropriava-se e interferia visceralmente na própria estrutura do meio de comunicação de massa (subordinando o meio à arte), a segunda utilizava o sistema como meio de difusão da arte para a massa (subordinando a arte ao meio). Uma diferença substancial para o bem da diversidade.


Enfim, em sintonia com a arte daquela década, que relia “A arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, Dante criou sua arte influenciada por W.Benjamin que questionava a unicidade, a aura e o acesso democrático a ela.
Poderia se dizer que, enquanto a Intervenção Um foi arquitetada como um trabalho de ação objetiva e material, essa segunda, a Intervenção Impressa, foi concebida e norteada por um juízo metalingüístico, pois, ao mesmo tempo em que esses trabalhos causaram intromissão na dinâmica da cidade e no sistema de comunicação, Dante Velloni discutia a auto-existência e permanência matérica de sua obra de arte, como se tivesse em diálogo com o espelho.
Tomou o jornal interferido como existência material de uma arte que não mais existia e, ao mesmo tempo, transformou cada um daqueles 10.000 exemplares do jornal em uma cópia original de sua múltipla arte.

Não sei com precisão qual o lugar que estas intervenções de Dante Velloni ocupam no cenário da arte brasileira e qual a influência teve a geografia cultural sobre esse fato artístico, mas tenho certeza de duas coisas: a primeira é que elas aconteceram fora do eixo e a segunda é que jamais ficarão fora da história.

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 * Existe citação do artista Dante Velloni como verbete na Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais como um dos precursores desta modalidade de arte no Brasil.
http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=8882&cd_idioma=28555&cd_item=8
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Notas
[1] Para efeito cronológico, a primeira intervenção urbana de Dante Velloni, chamada “Intervenção Um” foi
realizada em 03 de janeiro de 1979 e a primeira intervenção urbana do Grupo 3Nós3, chamada
“Encapuzados”, foi realizada em 27 de abril de 1979.

[2] Mensagem do saudoso Ricardo Rosas, mentor do site Rizoma, para Dante Velloni em 15 de dezembro
de 2006, ao saber da existência dessas intervenções através de fotos que conheceu:
”Caro Dante,
Que grata surpresa! Na verdade esse é um dos grandes prazeres do Rizoma, descobrir as pérolas desconhecidas
dessa nossa arte "alternativa" (na falta de um nome melhor à mão agora, por que "artivismo" não me agrada
muito. Confesso à você que fiquei interessadíssimo em publicar esse material (fotos) que me remeteste.
Mas queria um texto para acompanhar, mesmo porque é algo inédito, poucas pessoas (curadores, artistas
jovens,etc.) conhecem (...)”

[3] Em 1981, L.P.Baravelli faz convite a Dante para que escrevesse um relato sobre suas Intervenções a
ser publicado na revista que ele iria lançar: Arte em São Paulo. Envolvido por outro projeto, acaba
postergando seu relato.

[4] Um dado curioso: essa escada foi tomada emprestada de um parente seu que era letrista (pintor de
faixas) e que, possivelmente, deveria ser autor de algumas delas. Portanto, sem que seu parente
soubesse, fez com que a mesma escada, que era usada para colocar as faixas, fosse usada agora para
retirá-las sorrateiramente.

[5] Em setembro de 1981, o Grupo 3Nós3, formado por Rafael França, Mário Ramiro e Hudinilson Jr.,
convida Dante Velloni a participar de uma de suas intervenções na Galeria São Paulo, com ampla
documentação em vídeo feita por Tadeu Jungle, e que o grupo iria se referir carinhosamente a ela como
Intervenção 3Nós4 por causa da participação de Dante como o 4º elemento.

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Contato com o autor:
Fernando Dias: fernandodiasnet@gmail.com
fernandodiasnet@hotmail.com
Contato com o artista:
Dante Velloni: dantevelloni@bol.com.br

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